quarta-feira, 21 de setembro de 2011

E A MERITOCRACIA FOI SUPLANTADA PELO AUTORITARISMO EXACERBADO



Caros amigos, companheiros de jornada, usuários de veiculos de duas rodas, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da motocicleta, e dos relacionamentos em grupo,

É com muita tristeza e com um aperto no peito que vos escrevo agora, e se eu pudesse não diria o que vou, nesse momento. Sem maiores preparações, fazia tempo que eu não via rostos tão tristes pelo mesmo motivo, ânimos alterados, rivalidades pessoais em andamento, humilhação, confusão e decepção, numa mesma hora, num mesmo local onde antes se reuniam pessoas para conversar assuntos em comum.

Sem nenhum tipo de acusação formal devo dizer que o momento, que deveria ser de celebração e festa, passou a uma intensa disputa para saber quem mais tinha razão. Sentimentos magoados, orgulhos feridos, egos inchados e eu quase não reconheço nas fotos da noite, os meus amigos.

Me senti impotente, desarmado, sem forças. Na minha modesta opinião, no grande grupo estava presente a pessoa cuja responsabilidade no meu entender era defender o grupo, mas esta não entendia que deveria fazê-lo, por que se assim o fizesse, toda aquela situação teria sido evitada.

A raiva de uns, o cinismo de outros, tudo isso sob o meu olhar, parecia que não estava de verdade acontecendo. Mas em plena quinta-feira e sem o efeito de drogas lícitas ou ilícitas, nem mesmo um analgésico, uma ilusão dessa amplitude não poderia estar sendo processada pelo meu cérebro.

Sou muito emoção e por isso tudo me toca com profundidade. E quando algo me perturba não disfarço muito bem. Passei uma noite de cão, sem ofensa ao animal. Passei um dia em parafuso, tentando trabalhar sem me situar muito bem. O corpo foi a universidade, a cabeça não. Espero não ter errado muito nos meus cálculos. Só vou saber disse depois.

E, como pessoa, motociclista, parceiro e colaborador, vou botar a bola para frente. O que há de amigo em mim vai sofrer um pouco, o colaborador vai se entregrar a outras tarefas. O ser humano aqui, por trás das letras, está propenso a nunca mais esquecer esse momento, mesmo que tente. O pesquisador está tentando a todo custo não esquecer nenhum detalhe, para poder depois incluir essa experiência única em sua pesquisa.

Mas eu não estou confuso e sei que não perdi tudo: ainda restam as amizades que fiz. A tristeza? O tempo e o uisque curam. E por isso eu ainda quero estar e andar em bando, enquanto puder andar de motocicleta.


Joel Gomes – Acadêmico das Ciências Sociais – Recife – Pernambuco.
jotagomes@gmail.com

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