segunda-feira, 5 de março de 2012

SEM DESTINO... LEMBRANDO OS VELHOS TEMPOS!



Outubro de 2011...sabado, sem opções de viagens, saudoso das viagens sem destino certo, cinco horas da manhã, acordei pensando onde poderia ir. Por não curtir quase nada do que atualmente os motociclistas curtem, como viagens em grupos, programações, almoços, gps, e outras coisas mais, pensei em ver num mapa um lugar qualquer e ir. Desisti da ideia. Não queria chegar a lugar nenhum, so queria rodar. Queria estradas sem limies, sem leis, sem regras..apenas rodar.

Enfiei a calça jeans, botas e acordei a mulher, perguntando se queria ir. Como ela não quis, me despedi, enfiando a jaqueta, luva de dedo , funcionei a moto e saí.

Como daqui, qualquer saida depende da Dutra, peguei sentido Rio de Janeiro. Primeira parada, no Graal, para tomar café, proximo a Guaratingueta. Friozinho ainda mas ja com o sol começando aparecer. Depois de uma meia hora, continuo seguindo sentido RJ, parando mais uma vez num desses botequinhos proximo a estrada, num bairro qualquer de Queluz. Mais um cafézinho, dois dedos de prosa e sigo em frente. Até então sem nenhuma ideia de onde iria.

Ja com o sol esquentando, chego a Barra Mansa. Paro no acostamento, bem proximo a uma placa, onde li: "RJ 155". Como a unica indicação era o numero da estrada, resolvi que iria pega-la para ver onde iria parar...e assim, acessei a RJ 155.

Primeira placa que vejo, indica "Antonio Rocha"..pensei comigo, esta ficando bom, onde ou, o que será, esse Antonio Rocha. Havia abastecido ainda na Dutra, o que me ajudou, pois até então não havia visto nenhum posto confiavel.

Um pequeno "boteco" desses que ficam a beira da estrada, foi minha parada seguinte. Não tinha nada gelado e o calor ja estava forte, embora o tempo começasse a fechar. Lembrei com saudade dos tempos das cervejas quentes nos bares de beira de estrada. Comi alguma coisa que ja serviu de almoço e segui, descendo uma serra.
Placa seguinte: "São João Marcos" indicava a proxima cidade. É pra la que eu vou decidi. Provavelmente não deve ter hotel ou qualquer outra coisa, mas ta bom, praça deve ter e se tiver praça tem banco...eu me arrumo.
Quando estava proximo, a ponto de ver a cidade, tive a exata sensação de ter voltado no tempo.

A cidadezinha é na realidade um grande parque ecologico e ambiental, repleto de ruinas e casa antigas. Pontes de pedras completam a paisagem. Hotel, não havia mesmo. Pelo menos não vi nenhum e eu iria ficar por ali...havia gostado do clima antigo do lugar.

Meu braço me incomodava um pouco, pois boa parte do trajeto havia feito sem jaqueta e estava bastante queimado, ams nada que me impedisse que curtir a atmosfera local. Parei numa das poucas ruazinhas e logo me vi cercado pro alguns curioso, principalmente crianças. Muito mais em função da moto, que de mim mesmo.
Perguntei a eles onde poderia passar a noite e me indicaram uma casa, onde a dona, alugava o unico quarto, dividido do galinheiro dela por uma janela apenas..estava otimo, por 15 reais.

Deixei a moto no grande quintal e saí chamando atenção por onde passava, afinal era um estranho na cidade hehehehehehe.
Num dos botecos, comi um sanduiche de mortadela, ja que o presunto não tinha cara muito boa e fui dormir, nãos em antes ficar vagando pelas ruelas, observando tudo e sendo observado por todos.

Dia seguinte, acordei cedo com o despetrador galináceo do lado de fora da janela, esperei um cafezinho ( gentileza da dona da casa), peguei a moto e fui rodar pelas redondezas. Geograficamente não tinha ideia de onde estava, so sabia que estava no estado do Rio. Havia rodado pouco menos de 300 kms. Até que não fora tanto, mas o calor havia judiado e os braços estavam ardendo bastante, alem do rosto, ja que uma parte da estrada (RJ155) havia feito sem capacete. Nada melhor que sentir o vento na cara.

Eram cerca de quatro horas, quando comecei a retornar, parando nos botecos para comer ou beber,chegando de volta a casa, por volta das 21 horas.

A sensação de rodar sem destino, sem saber se vamos ou não chegar a algum lugar, se teremos ou não combustivel, lugar para comer ou dormir é inexplicavel. A ideia de romper o desconhecido, ter todos os riscos presentes a cada segundo é a unica forma de se valorizar a liberdade.
Conhecer lugares que nem se imagina que existam, onde a estrutura moderna do turismo sequer cogitou chegar, é algo que não tem preço.


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