quinta-feira, 17 de novembro de 2011

QUANDO A MODA DITA A IDENTIDADE



Sempre rebuscando na memória e na história, e diante da facilidade da internet, sempre me deparo com textos, posts, murais, e comunidades dedicadas ao que deveria ser uma indentidade, seja ele grupo, mc, comunidade, lista, etc... De imediato me vem a lembrança de como era e de como mudou.

Final da decada de 60, as identidades eram as condições que um grupo tinha, onde caracteristicas comuns se agrupavam. Não dependia-se de uma marca de moto e menos ainda de um modelo. Não era importante que a moto fosse um 1450 ou uma 115....desde que seus pilotos tivessem alguns pontos comuns, entre eles a confiabilidade, lealdade e gostos.

Claro que a virtualidade estava longe sequer de ser imaginada, então tudo era real, visivel de fato.

Um grupo se distinguia pela direção que seus membros seguiam..independente aqui, se certos ou errados.

Não havia uma uniformização, onde todos deveriam usar um colete preto, ou um macacão colorido, botas x ou y, luvas dessa ou daquela, enfim, cada um usava a liberdade plena de estar como gostava, como sentia-se bem. Os conceitos que os uniam era superior a tudo. A importancia e o valor eram medidos pela maxima da lealdade entre os membros, de tal forma, que qualquer um colocava a vida nas mãos do outro, sem o menor temor.

Com o passar dos anos, a inversão dos valores, as mudanças de habitos, novos caminhos foram sendo codificados e os então neo motociclistas, usufruindo ja de uma variedade de marcas e modelos, principalmente de modelos, começam a caminhar com os passos do egocentrismo, onde oculto entre as vontades, estavam a de competir com qualquer outro que tivesse sobre duas rodas...

E começaram as formções de grupos, onde os principios basicos ja não contavam tanto, voltados mais a serem vistos, do que compartilharem entre si. Começa então a uniformização dos mcs, com parâmetros de beleza e de conduta. A liberdade de cada um ja pouco valia, pois havia algo que queriam mostrar a quem os vissem, e era o conjunto.

Finalmente, passada essa fase intermediária, surge o advento da virtualidade, e com a internet inicia o golpe fatal a todos os resquícios de princípios originais que ainda eram seguidos, alterando de vez , os rumos da historia. Surgem o primeiros grupos virtuais ja sem nenhuma identidade, surgidos de um teclado em algum lugar, até pelo fato de serem completos desconhecidos. E surgem até mcs virtuais, completamente fora de qualquer contexto da historia motociclistica. Para justificar, começam o grupos por marcas e modelos de motos, como se dessa forma uma identidade lhes fosse dada.

Convenhamos que então,que o que fazia a união dos primeiros grupos, ja se torna materia desconhecida, onde o que importa é o modelo ou a marca da maquina. Se conhece ou não o outro membro, é menos importante. O que importa é que o outro tem uma maquina igual a minha.

E o tempo vai passando, e quando se percebe, ja nem as marcas ou modelos importam mais. Um grupo de uma marca x, tem marcas n, z e c, e muitos deles, nenhum sequer daquele que da nome ao grupo.

A historia ficou para traz, os principios ficaram para traz, a cumplicidade existente no inicio, fica para traz, o orgulho de um brasão que conta uma vida, torna-se desconhecido e da lugar a desenhos rabiscados como se brasão fossem, e nos escondem-se atras de telas de monitores e teclados, na vã tentativa de preservar algo perdido ou ter a sensação de que fazem parte de uma espécie extinta.

A inversão dos tempos nos atingiu , e onde a identidade ditava a moda, passa a moda a ditar a identidade, sem identidade.




Fonte: www.blackhorsebr.blogspot.com

Um comentário:

  1. Estamos na era da imagem. Mas é possível que existam grupos que estejam formados através de valores de identidade, há muito perdidos.

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