segunda-feira, 28 de novembro de 2011

COMO SE CONTA UMA HISTÓRIA?


Caros amigos, companheiros de jornada, usuários de veículos de duas rodas, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da motocicleta, das viagens e dos relacionamentos em grupo, estejamos bem.

Nesse tempo todo que escrevo para a internet, ainda não tinha absorvido missão tão importante quanto contar a história do nascimento de um grupo. Como pertencente a ele tenho uma visão, como estudante de sociologia tenho outras, no plural mesmo. Dai é que começam as complicações.

Falando apenas como cientista a conversa ficaria muito chata. Como componente deste mesmo grupo, a emoção tornaria o texto muito visceral. E por isso, vou tentar misturar os dois seres que há em mim, e talvez com os recursos de um e de outro eu consiga me aproximar do que aconteceu de fato.

Éramos uma facção, e quando digo “éramos” estou me inserindo no discurso propositalmente, porque a história de certo modo também é minha ou, ao menos, faz parte da minha vida agora. Pensava eu que, para me integrar eu tinha que modificar meu modo de vida e virar motociclista. Mas o que é ser motociclista e quando você se torna um? Se você não sabe a resposta é muito provável que não seja um.

Mas eu li muitos textos diferentes sobre moto clubes e não conseguia encaixá-los em nenhum: nem mesmo na literatura francesa de onde tiro a raiz acadêmica para meu futuro e tão sonhado artigo. E como os moto clubes têm origem diversa, gangues, amigos de infância, ciclistas, militares e ex-militares resta-me um problema: qual exatamente é a origem dos moto clubes brasileiros e mais exatamente, em que momento e de que forma nasce o Brokk MC?


Sobre os moto clubes brasileiros, acredito que a literatura jornalística ainda vai me dar a resposta. Só preciso encontrar quem foi o primeiro a escrever sobre esse grupo social. Com relação ao grupo ao qual pertenço, esse sim, eu vi o parto.

Afirmo do alto do meu posto de próspero-colaborador: aqueles homens iriam se encontrar nessa vida de qualquer maneira, por que cada emoção ao longo desse ano que os acompanho foi compartilhada e a vida não ia deixar que esse encontro não acontecesse. Frase que você vai ouvir assim como eu ouvi ao encontrá-los a primeira vez, caso pergunte como entrar no grupo: “você assiste as reuniões, conhece os outros amigos-irmãos e tenha certeza que se você não se adequar não vai querer ficar conosco”. Simples assim.

Essa situação me foi diversas vezes mostrada, mas vou me ater apenas a gênese. Embora o brasão seja o símbolo de pertencimento dos componentes do grupo, a mudança de brasão não representou em nenhum momento uma crise de identidade, apenas tinha chegado a hora certa de fazer uso da lealdade e confiança intrínsecas a nosso grupo. Não identificávamos em nós mesmos a unidade e maturidade do grupo, pensamos e agimos em grupo, e sabemos que fazemos bem um ao outro. O Brokk nasce quando a dor de um se torna a dor do grupo, antes mesmo de qualquer símbolo, antes da criação de uma bandeira, antes da boca dizer o que o resto do corpo já exibia.

A criação do brasão de qualquer moto clube é cercada de simbologia, e com o Brokk não seria diferente. Mas o fato é que o moto clube, a irmandade de fato, já estava formada antes da criação do símbolo que irá identificá-los durante toda a existência do grupo. Então, não foram algumas pessoas com boas energias que se reuniram e decidiram se representar através de uma entidade, mas uma entidade que surgiu do encontro se algumas pessoas e que foi se moldando, livre de qualquer representação, mas ainda assim foi escolhido um símbolo para apresentá-los e identificá-los.

A única explicação que posso dar é que: há uma certeza do que cada um do grupo quer realizar, em grupo ou sozinho. Isso é maturidade. E também que não há um momento exato onde o moto clube surgiu, apenas as pessoas foram se encontrando e se combinando e demonstrando que a amizade estava mas profunda a cada dia.

Que o deus Odin, nos guie nessa jornada de coesão e demonstração de amizade.



Joel Gomes – acadêmico das ciências sociais, motociclista, colaborador e próspero do Brokk MC

4 comentários:

  1. Agora entendo as dificuldades de uma antropólogo ao fazer uma pesquisa e estar dentro dela, ser parte do objeto de estudo. É como falar de si mesmo e do que os outros acham de você...

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  2. acho dificil falar de si para os outros, mais ainda é mais facil falar dos outros para outros! parabens pela postagem BICHO FEIO

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  3. É mais fácil sim, mas o difícil é melhor por ser um desafio. Vlw!

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  4. Esse é o motociclista mais chique que nos temos no grupo. É meu amigo pessoal e gosta de café chique!

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