segunda-feira, 26 de agosto de 2013

FALSIDADE OU VULGARIZAÇÃO MESMO


 Sempre que vejo, nas redes sociais e em algumas situações, até em conversas mesmo, a apologia a essa suposta "irmandade" motociclistica, fico pensando até onde o ser humano é capaz de chegar ao apregoar aquilo que acredita ser certo.

No facebook, no orkut , em sites e em bloggers, volta e meio vemos postagens de fotos ou apenas de texto mesmo, reafirmando essa irmandade. Aí fico pensando e faço uma viagem de volta ao passado, quando ter uma moto era apenas ter uma moto. Nada além disso. Era um gosto comum que acabava por unir a maioria, sem nem ao menos nos preocuparmos com qual moto cada um tinha. Nas estradas, ajudávamo-nos, pois sem isso não se chegava a destino algum, tantas eram as dificuldades.

Aos poucos isso foi mudando, mudando e mudando, e veio a época onde começava a prevalescer a marca da moto e não mais o motoqueiro.

As japonesas se distanciaram das antigas Harleys, Triumphs, Nortons, etc., e distanciavam também seus condutores.

Eu mesmo, partindo para as japonesas, pude perceber o distanciamento dos então novos condutores de Harleys, que se tornava um artigo de luxo e consequentemente direcionada a um publico também de luxo, que na verdade nada tinham a ver conosco, nem mesmo na forma de conduzir nossas maquinas.

Até mesmo alguns "amigos" que andavam sujos de graxa conosco, saltaram para as novas motos e se afastaram dos que adotaram as japonesas.

E assim foi durante mais de 25 anos, período que fiquei nas Hondas, Yamahas e Suzukis, que a cada parada num posto para abastecer, via grupos de harleyros ou "speedeiros" parados, e nem sequer olhavam para o meu lado. Cumprimentar então, nem pensar.

Nunca dei muita bola para isso, mas não deixava de observar.

Recentemente, retornei a Harley, e quase como um milagre, todos começaram a me enxergar. É convite pra ca, convite pra la, passeio para um lado, passeio para outro e por aí vai.
Ate mesmo alguns "speedeiros", se aproximam timidamente, ou pelo menos cumprimentam quando nos encontramos em algum posto de estrada.

Para mim continuo sendo o mesmo motoqueiro de sempre,que tanto faz andar em companhia de outra Harley ou de uma CG. Mas a diferença percebida é sensível.

E com certeza não sou só eu que percebo isso, tanto é que, retornando de Capivari (SP), fui obrigado a parar num posto para abastecer. Numa das bombas, tinha uma Honda Strada abastecendo. Parei, abri o tanque , tirei o capacete e me dirigi ao rapaz da Honda Strada, cumprimentando e entabulando uma prosa. Abastecida a moto, me despeço do rapaz, que comentou: -" nunca alguém com um motão desses, conversou comigo".

Triste isso...muito triste.

Aí tentam uma compensação criando slogans como " na estrada somos todos irmãos", ou " irmandade motociclistica" ou ainda, "motociclismo não faz amigos, faz irmãos", etc, etc..., pura falsidade e hipocrisia.

Existe irmandade entre membros de alguns clubes, ( e assim mesmo poucos ), entre grupos de conhecidos, entre grupos de amigos, mas é só. Um "irmão" na estrada, quando se precisa de fato, depende da moto que ele está e a que você está.

Chega a ser revoltante essa mania de afirmação de uma irmandade que não existe, e que , pelo contrario, se torna cada vez mais distante.

Será uma falsidade pura e deslavada, ou a vulgarização do termo "irmão" que alterou a real importância dele.

Não sei, prefiro ficar com a necessidade de auto compensação: " se eu escrever que somos todos irmãos, se eu divulgar, compartilhar, me sinto melhor", mesmo sabendo que não somos nada disso.

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