segunda-feira, 6 de maio de 2013

NAS RODAS DA HISTÓRIA


Sempre gostei de observar a história e acompanhar suas varias fases. Não seria diferente com o motociclismo. Não diria que as mudanças são boas ou ruins, para melhor ou pior, diria apenas que apenas são mudanças.

Muitas vezes, nas rodas de amigos, surgem referências ao que costumamos chamar época de ouro do motociclismo, e muitas vezes somos questionados sobre o porque de nunca rodarmos com grupos. Nada temos contra grupos, pelo contrario, uma das imagens que, particularmente, mais curto ver é exatamente um grande grupo rodando pela estrada.

O que diferencia para nós do Black Horse, é a época. Para nós, moto ainda continua sendo símbolo da liberdade sem fronteiras... A sensação de se rodar solo, tendo apenas e tão somente a estrada pela frente, parando onde e quando quiser, permanecendo ou seguindo de acordo com a vontade, saber que podemos entrar a direita ou a esquerda no proximo cruzamento, desviar ou não do caminho, é insubstituível.

Quando eventualmente rodamos juntos com o Clube, sabemos exatamente o que cada um quer ou gosta de fazer, o que nos torna uníssonos e permitindo rodar milhares de quilometros sem uma unica preocupação sequer.
A falta de um "regime", de obrigatoriedades, de horários, de compromissos, nos remete aos bons e velhos tempos, onde a moto era apenas para rodar. Fazer amigos ou encontra-los era uma consequencia inesperada , e até acontecia, mas era uma eventualidade.

Os tempos mudaram e a motocicleta assumiu um papel social. Aos poucos a liberdade foi sendo esquecida e substituida por ações mais modernistas. Não boas e nem ruins, apenas diferentes. De um simbolo da liberdade, tranformou-se num elo de ligação, num meio de expansão social.
Foram aumentando os grupos, os grandes comboios começam a tomar forma, os eventos sociais proliferam e o que antes era apenas uma estrada sem fim, começa a ter um final, ou seja, não se roda mais para rodar e sim para chegar em um determinado ponto.

As obrigações começam a fazer parte do cotidiano motocíclistico e ja não basta mais uma velha calça jeans e uma jaqueta de couro surrada... Surgem roupas estilizadas, calçados especificos e com as novas tendencias motociclisticas, começa a despontar o apelo da mídia em cima de grandes marcas de acessorios.

E as mudanças vão se generalizando, ocupando paginas de novas revistas especializadas, bares que até então eram apenas bares frequentados por motoqueiros, ganham a nova denominação de ' bar tematico", voltado ao novo estilo.
Grandes marcas, até então produtoras de motocicletas apenas, embarcam na mudança de época e começam a produzir em função do novo estilo.
Algumas marcas que duraram anos, desaparecem, sucumbidas pela falta de clientes. O velho motoqueiro de espirito livre, esta desaparecendo.

O estilo ja em nada lembra os anos dourados do motociclismo. A mudança foi radical, a ponto de não mais se reconhecer o velho motoqueiro.
O novo motoqueiro, ganhou limites, equivalente ao dia a dia de trabalho. O social se tornou a peça fundamental de ligação entre ele e sua moto.
Surgem os grande grupos virtualmente formado, alguns de marcas, outros de modelos, onde cada um é o que escreve ser. O velho motoqueiro, se transforma numa frase virtualmente transmitida aos quatro cantos do mundo.

Novas terminologias, novas expressões, enfim, tudo novo ou tudo renovado.
Os clubes, aos poucos vão se extinguindo, dando origem a uma cópia sem sentido dos velhos clubes de motoqueiros, menos no Brasil, onde ja começaram de uma forma diferenciada, esses muito mais clubes sociais que de motoqueiros.
E assim segue a estrada da época, passando fase por fase, mudando, criando ou adaptando a outras realidades, acompanhando a evolução ( ou involução), da humanidade.

Alguns jovens, buscam no passado inspiração para o presente, e procuram se manter firma nas trilhas dos anos dourados, coisa que não é facil. mas felizmente, são esses jovens, solitarios, ou em seus clubes que farão com a historia não se perca totalmente.
Como esta no inicio da postagem. época melhor ? Pior? Não sabemos.
apenas diferente.
quem sabe daqui a cinquenta anos, não seja essa atual, a chamada época de ouro do motociclismo.
e certamente tambem não será melhor e nem pior, apenas diferente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário