segunda-feira, 27 de maio de 2013

MOTOS & DÉCADAS



Passeando pela internet, dediquei algum tempo dando uma olhada nos diversos sites, bloggers e comunidades que falam sobre motos e motoclubes nas decadas de 50, 60 e até inicio de 70. Rebuscando um pouco mais além, algumas coisas tambem sobre a decada de 40. Percebe-se que muita coisa mudou e outra permaneceram iguais no passar do tempo.

Pouca historia deixou registro real sobre os clubes brasileiros, sendo que boa parte dessa historia é contada a partir de temas soltos, resgatados na propria internet, e devidamente "floreado" ou adaptado por quem o escreve, sempre com muito do ponto de vista pessoal do autor do texto... Claro que muitos registros são precisos, principalmente no que se refere aos nomes em destaque nas corridas de motos. Mas, fora isso, boa parte perdeu-se definitivamente no tempo.

Convem frisar que nas decadas de 50 e 60, havia uma boa distinção entre as varias regiões do país, quase sempre cada uma com suas caracteristicas unicas,independentes e isoladas, e isso incluía tambem a pouca cultura motociclistica da época. Assim, o que acontecia no Rio de Janeiro, era completamente desconhecido do que acontecia no Acre, ou até mesmo o que acontecia em São paulo, era desconhecido do que acontecia em cidades muitas vezes localizadas a menos de 300 kms da capital. Não havia comunicação e muitas vezes nem sequer estradas, e a informação nem sempre chegava.

Restavam apenas as informações conseguidas nos cinemas que era o meio mais "preciso" de se saber as novidades.
Porém eram novidades de dois, tres quatro o mais anos atrás, e principalmente, americana... A cultura dos motoclubes, que ja existia em alguns lugares como no Rio de Janeiro, (desde 1 927), nem sequer era sabida de sua existencia, no interior de São Paulo. Uma moto era apenas uma moto e em grande parte das vezes nem sequer sabíamos quantas cilindradas tinha.

Assim como hoje, aos poucos, foi-se sabendo da existencia de grupos, chamados de motoclubes, na época, Moto Club ( americano), e foi quando a ideia foi se disseminando, POREM, a ideia americana. Assim ainda isoladamente, grupos começam a se formar, usando uma ideia americana em uma realidade brasileira. Muito diferente dos ideais americanos, os MC começam aparecer, mais como associações que como MC. Voltados aos passeios em grupos, a soliedariedade, a beneficiencia e principalmente a ostentação, quando era "bonito" fazer parte de um MC.

As inspirações, ainda continuavam nos filmes americanos ou nas revistas que faziam referencias ao Café Racer ( o bar), em que apareciam os motoqueiros com sua maquinas inglesas de guidão baixo. Foi quando se começou a falar em "cilindradas", potencias, modelos, etc.
Na decada de 60, com as motos voltando a serem temas de Hollyood, começa aqui no Brasil uma nova fase. Agora ja então bem mais exigente, ainda inspirada nos filmes, criando então o romantismo dentro do motociclismo brasileiro, que durou até o final dos anos 70. Nova mudança no perfil do motoqueiro brasileiro, que ja não mais queria andar sujo de graxa, óleo e poeira, preferindo usar sua moto, impecavelmente trajado.

Foi nessa época que surgiram alguns clubes, que tentavam copiar e manter-se nos moldes dos clubes americanos pós guerra, entre eles o Zapata em SP, (63), e mais tarde o Balaios no RJ, (69), usando então a filosofia da irmandade. Diferenciavam-se do estilo romantico que fazia época... Porem, as situações eram diferentes. Enquanto la fora, havia um motivo para a irmandade fechada existir, aqui se copiava o modelo, sem a origem, ou seja, apenas se copiava e adaptava porque era bonito.

A ideia se propagou na decada de 70, surgindo então diversos motoclubes ( ja com o nome abrasileirado, de Moto Club, para Motoclube), que rapidamente se propagou, sempre seguindo os modelos americanos, porem, com uma filosofia totalmente diferenciada. Ainda se mantinham alguns habitos importados, que se perderam totalmente no final dos anos 80 e na decada de 90, chegando até os dias atuais, praticamente sem mais nada do pouco importado pelos pioneiros.

Finalmente chegamos a epoca em que se perdeu completamente as identidades dos clubes, e se mudou completamente o perfil do motoqueiro, com a criação de tipos específicos e alguns até mesmo discriminativo, até chegarmos ao motoqueiro de revista. De certa forma, voltamos ao inicio, quando a revista, os almanaques e o cinema eram as fontes das novidades. Hoje temos as revistas, os videos e a internet, firmando uma nova geração de motoqueiros, que sabem quase em tempo real, tudo que surge, ainda nos Estados Unidos, e teóricamente procuram adaptar à realidade atual do Brasil. São os motoqueiros de revistas. que tem na teoria, sua base mais sólida de motociclismo.

E ainda graças a facilidade de comunicação, hoje vemos até o processo inverso acontecendo, quando americanos copiam padrões brasileiro, ja sendo comum ver em terras do tio Sam, mcs funcionando mais como associações que como MC.


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