segunda-feira, 25 de junho de 2012

UM POUCO DE CONHECIMENTO



Nas décadas de 40 e 50 o motociclismo no Brasil começou a mudar seu perfil; antes representado por solitários amantes das duas rodas, começou a se organizar em pequenos grupos que passaram a rodar juntos, a programar viagens, a se reunirem em locais simples para conversas informais ao redor de churrasqueiras, regados por cervejas geladas.

De certa maneira, James Dean, no filme que retratava um grupo de motociclistas que viajava por pequenas cidades norte americanas, disputando troféus em competições de rua, serviu de marco aos motociclistas do lado de cá do Atlântico, e os primeiros grupos começaram a se formar.

De início, com suas roupas de couro negro, suas motos com cromados reluzentes e ruidosos escapamentos, e a aparência desleixada dos que amam a liberdade e negam os padrões burgueses das classes dominantes, passaram a serem vistos como marginalizados; entretanto, seguros em seus princípios éticos e morais, convictos de suas escolhas, resistiram às pressões, e os grupos se fortaleceram e se firmaram dentro da cartilha cultural do nosso país.

Os primeiros grupos de motociclistas aqui formados, ao perceberem a força que representavam, resolveram adotar para si, nomes que aludiam aos seus “modus vivendi, e começaram a se organizar na forma de motoclubes. Os primeiros motoclubes brasileiros, compostos por homens dotados de rígidos padrões éticos e morais, caracterizaram o segmento pela honradez e virilidade de seus integrantes, enobrecendo o motociclismo em nosso rincão, e conquistando um lugar definitivo em nosso cenário cultural.

Com o passar do tempo, e com o aumento expressivo do número de condutores de motocicletas aqui no Brasil, não tardou para que as classes dominantes despertassem para o potencial de faturamento que o novo filão representava, e não perderam tempo; montadoras se instalaram em nossos domínios, espalhando motocicletas por todo canto. As financeiras avançaram, e qualquer um pode hoje possuir uma motocicleta. É um direito de cada um, possuir o que lhe agrade, ou que lhe atenda às necessidades profissionais, enfim, é um direito de qualquer um possuir uma motocicleta, desde que esteja real e integralmente habilitado para tal, pois não é um veículo para irresponsáveis e inconseqüentes, em virtude dos riscos que transporta sobre sua cela, e das letais conseqüências do mau uso que se faça dele.

Com as facilidades para aquisição de uma motocicleta, e com o resultante aumento do número de condutores desses veículos, junto da assustadora estatística de acidentes fatais, veio o desenfreado e descontrolado crescimento do número de motoclubes, hoje espalhados por todo o país.

Sempre atentas às oportunidades, as classes dominantes, através de associações de motociclistas, de federações, de políticos oportunistas, de organizadores de eventos sedentos por cifrões, pousaram seus tentáculos sobre o segmento, e ajudaram a viabilizar a bagunça que hoje impera em nosso meio motociclístico; motoclubes com nomes desrespeitosos, e com inexpressivos números de integrantes, nascem hoje e morrem amanhã; condutores de motocicletas, não habilitados, completamente despreparados para singrar estradas, ostentando escudos nas costas de seus coletes, escudos que são distribuídos por alguns motoclubes sem a observância de nenhum dos critérios básicos, quase que vendidos em bancas de jornais; integrantes de motoclubes, desprovidos de quaisquer princípios morais, alheios aos códigos de ética e de honra que residem nos espíritos dos verdadeiros bikers, se acreditando motociclistas apenas pelo fato de envergarem um colete de couro com um escudo barato às costas, algumas tatuagens nos braços, e postura de bad boy; eventos motociclísticos que não dedicam o menor respeito aos bikers visitantes, focados apenas no faturamento, na prática de preços abusivos, em detrimento da infra-estrutura mínima devida aos que se deslocam várias milhas para prestigiá-los, na esperança de um papo manso e informal com os amigos, longe do ronco estridente e dos estouros dos escapamentos das motos esportivas dos filhinhos de papai, cuja diversão consiste em perturbar a dos outros; em resumo, a coisa vai mal, e as associações e federações nada fazem se calam, pois os interesses políticos gritam mais alto que os nossos.

Chegou a hora de nós fazermos alguma coisa em favor das tradições, por isso estamos plantando a semente do que intentamos ser a primeira entidade séria na defesa dos interesses dos verdadeiros bikers em nosso país, e para isso contamos com a colaboração dos motociclistas sérios, no sentido de se unirem a nós nesta empreitada, participando ativamente no projeto.



Fonte: www.liganacionaldebikers.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário