quinta-feira, 29 de junho de 2017

A RESSURREIÇÃO DO PRAZER - PARTE 1

O medo é um adversário muito difícil de ser vencido e até de ser compreendido pelas pessoas, mais, para superá-lo é preciso um pouco de tempo e também sangue frio. Algumas pessoas sentem-se desafiadas a cada sinal de perigo e isto é um tanto dolorido para uns, mas para outros “poucos” é algo prazeroso.

Há alguns dias colocamos a prova esse sentimento perigoso num passeio rotineiro - menos para um dos nossos que já até passou por situações adversas (mais em grupo) e desta vez passou, “digamos praticamente só”. Começamos nossa viagem rotineira com um convite inesperado e sem muita burocracia ou estudo de mesma forma foi aceito. Um detalhe no ato da confirmação: a empolgação e até o instinto natural tomou conta. Um dos amigos ao pegar o celular para avisar aos demais membros de seu mc e amigos foi prontamente repreendido: “NÃO chame ninguém” e dessa maneira, sem imaginar o que estava por enfrentar no dia seguinte e ficou tudo marcado.

O dia começa como terminou o anterior, muita chuva e tempo completamente fechado. Uma mensagem muito cedo me pegou de surpresa “muita chuva aqui, mais mesmo assim vamos né? Fiquei surpreso pela empolgação do amigo e também senti que lhe faria um bem danado muito mais do que a mim e claro respondi: “SIM tudo certo mesmo com chuva”.

O tempo melhorou, estiou, e na hora marcada saí de casa em direção ao ponto de encontro. No meio do caminho enfrento de cara um alagamento que quase cobre o motor da moto e já começo a viagem com os pés encharcados. Chegando ao ponto de encontro para minha surpresa os dois amigos que são um “casal”, estavam lá me esperando. Sem muitas delongas, enchemos os tanques de nossas motos e partimos em três adultas e maduras motos. “eu era o único garupado”, e por esse motivo antes da saída tiramos uma foto.


Iniciamos o percurso em trio com um movimento significativo de veículos na estrada e um sol tímido nos aquecendo, tivemos um pouco de cuidado pela pista molhada e pela quantidade e proximidade de grandes veículos. Porem, a “novata” da viagem não pensou duas vezes e deixou a adrenalina superar a frieza e paciência de quem tem mais experiência e acelerou forte, nos puxando entre os veículos e aumentando fortemente a velocidade.

Nesse momento a deixamos solta-se na estrada como um cachorro que passa pelo portão em direção a rua: “feliz da vida”. Enfim a paisagem rapidamente muda, menos construções e mais verde vai tomando conta do caminho e mais uma vez sou surpreendido, mais desta vez pela minha companheira e fiel garupa: “ amor olha no teu retrovisor e vê como esta o tempo lá atrás”. Quando olho me assusto com as nuvens pesadíssimas, mas também me lembro de uma frase(de alguém): “não olhe pra lá, você não vai naquela direção apenas contemple o que esta a sua frente”.

Logo depois dos primeiros quilômetros percorridos, quando os motores de nossas motos começam a pulsar aquecidos vamos de encontro a um temporal. Começamos a levar chuva e, em segundos, deixa de ser um chuvisco costumeiro (garoa) para uma chuva pesada.

Até aí já tínhamos passado por aquilo muitas vezes inclusive a novata e ela nem se importou e continuou nos puxando fortemente na estrada e, pra nossa surpresa, vem a primeira prova do dia: a chuva pesada se transforma numa tempestade tropical onde as gotas doíam ao bater em nós e nossas jaquetas não suportaram e vazaram e nos molharam completamente.

Mas a essa altura a calma em nós se mantinha, com exceção de minha garupa, que eu sentia o coração batendo em minhas costas. A novata se mantinha na euforia de cortar o mais rápido possível aquela tempestade, com a força do motor e a velocidade de sua moto: “vejo carros parando no acostamento e motos urbanas paradas também por não conseguirem enxergar o caminho a frente ou por ter deixado o medo tomar conta deles”.

Passamos como um raio, acompanhados dos trovões que saiam de nossos escapes. Para minha surpresa a novata diminuiu a velocidade e conseguimos fechar o trio de motos ficando mais próximos, impossibilitando algum veiculo de nos separar. Algum tempo depois o temporal enfraquece e volta a ser chuva grosa, mas já estávamos longe. A nossa tranqüilidade não foi abalada, com certeza desacelerou o coração de minha garupa e o da novata, que voltou a acelerar mais forte na estrada.

Ao chegar a próxima cidade, nos deparamos com sol e pista completamente enxuta. Pensei: “que loucura”, ótimo pra nos secar um pouco e decidimos manter a pegada firme. Cruzamos aquela cidade com mais tranquilidade, pista enxuta, poucos carros na estrada, e enfim começamos a subir aquela bela serra e com a subida diminuímos a velocidade drasticamente para contemplar o caminho.

O vento gelado, a companhia uns dos outros, e o que chama a atenção é a mudança rapidamente da vegetação: a cada quilometro o que era seco torna-se verde, onde havia lama agora tem um rio. Passamos uma ponte, gostosa sensação, e no seu final encontramos um santuário anônimo. Erguido em homenagem a alguma santa. “Nunca parei ali mais sempre tive vontade”.


Enfim, a novata que ia a frente do comboio resolveu parar, para nossa surpresa o sol apareceu forte e o primeiro comentário de meu amigo foi: “ótimo que os bancos de pedra estão quentes assim seca mais rápido nossas calças”. Confesso que ri muito naquela situação.


Minha garupa logo faz um comentário sobre essa parte do percurso que relatei: “minha nossa que loucura foi essa, que tempo maluco foi esse, não enxergava nada a nossa frente e agora um sol e céu azul lindo”. Contemplamos a paisagem e tiramos mais fotos.

Alguns curiosos pararam seus veículos para ver o santuário, também observavam nossas maquinas e faziam uma expressão de: “essas pessoas são doidos mesmo”.

Logo em seguida passamos pelo túnel, com os motores roncando alto e, ao cruzá-lo. Sentimos aquele frio de clima mais ameno. Logo após, o mesmo túnel será a nossa parada para descansar e almoçar, “local onde sempre paramos de costumeiramente”Segundo afirmou. Exceto para a novata e minha garupa.


Aproveito a parada para conversar com meu amigo, enquanto as meninas vão se servir. Perguntei: o que achou do percurso? Como foi pra você pegar aquelas chuvas? A sua moto está firme e forte? E outras coisas do gênero. as meninas voltam e começamos, comemos e conversamos numa mesa de frente pra estrada. Vejo as motos estacionadas e curiosos a volta delas, é interessante ver a expressão das pessoas ao olharem nossas motos. É curioso também para nós, pessoas que nos olham e parecem pensar: só sendo doido pra trocar o conforto do meu SUV pra levar sol e chuva ao percorrer todo esse caminho nessas motos velhas”.


Depois de um bom tempo batendo papo e rindo e também depois de um café pra esquentar seguimos até o destino que já era perto e sem algo notório seguimos tranquilamente o percurso já sem chuva e com sol tímido, ao sair da cidade e seguir para um vilarejo no alto de uma serra muito alta o que nos chamou a atenção foi que no caminho para subir a serra um incontável congestionamento de carros parados no caminho esperando para subir a serra e onde apenas as motos estavam subindo devagar mais subindo fomos e mais e mais carros e o detalhe da subida íngreme foi a catinga forte de embreagem dos carros e como o vilarejo era de única entrada e pequeno não tinha como comportar todos os carros para a visitação então se justifica o engarrafamento de inúmeros carros lá no caminho, ai valeu o sentido de não trocar a comodidade e conforto dos grandes veículos por algo mais primitivo e de duas rodas. Enfim chegamos e em meios a risadas e êxtase caímos na festa sem cerimônia.


Continua...

Diário de bordo: Cleyton

Colaboração e edição: Joel Gomes

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