segunda-feira, 9 de março de 2015

O SER CUSTOM

 
É incrível como a história vai sendo alterada com o passar do tempo. Hoje estavamos num grupo de amigos, e falávamos sobre essas mudanças, e como éramos todos da mesma época, começamos a lembrar da década de 60.
 
Haviam motocicletas..ninguém sequer pensava em estilo. Era o estilo que havia e chamava-se "motocicleta". Com elas rodávamos em estradas de terra, nos poucos asfaltos que haviam, em caminhos, enfim, onde quiséssemos ou precisássemos. As motos? Todas custons. Porque custons? Porque era o que havia. Eram motos pesadas, bancos baixos, tanques alinhados e grandes, pedaleiras bem a frente, sem suspensão traseira, enfim, as características da época. Alem da moto havia um estilo único, o do motoqueiro. Impossibilitado de andar limpo nas motos, fosse por conta da poeira, dos vazamentos de óleo ou das manutenções forçadas na beira da estrada, optávamos sempre pelas roupas mais desgastadas, velhas e um casaco único, que era também a capa de chuva existente. Não que gostássemos disso, mas era o que havia, e o que tínhamos para curtir e foi com o que nos acostumamos.
 
Pois bem, com o passar do tempo, como era de se esperar vieram as mudanças, e aqui no Brasil, chegam as Hondas, as Yamahas, as Suzukis, as Kawasakis, e ja então cheias de opções, para um novo publico alvo. O neo motociclista que então começava a engatinhar, nas zero quilômetros, e que imediatamente associou os lançamentos a um meio de transporte, e começava então a divisão dos motoqueiros.
 
Pulamos aqui toda essa fase de mudanças e de criações, e chegamos aos dias atuais. E aqui começa a coisa toda.
Volta e meia vemos o camarada em sua HD ou outra moto estilo custom, dizer, eu sou custonzeiro. O estilo custom sempre foi o que eu gosto.
Será? Ou ele diz isso porque tem uma "moto estilo custom"? Ter uma "moto estilo custom", não faz o piloto ser custonzeiro, ou um " Ser custom".
Temos ainda circulando um bom numero de custonzeiros de fato, mas aos poucos vão se acabando, a maioria rodando em outros planos. Mas perguntarão vocês, o que diferencia um do outro, se ambos tem a moto do mesmo estilo? Muito, ha muitas diferenças. Ser um custonzeiro, não se caracteriza pela moto que se tem, e sim, pelo estilo de vida que se leva sobre ela. O estilo da moto é apenas um mero detalhe.
 
Rodar sem destino certo, cuidar de sua própria moto, conhecer seu motor, saber que sua moto não tem limites, seja para rodar no asfalto ou na lama, manter-se fiel a velha calça jeans, desbotada e muitas vezes rasgada, a velha jaqueta pau para toda obra, deixar a capa de chuva no alforge e se molhar para secar ao vento na sequencia, parar onde e quando lhe der vontade, não ter pressa, não se importar se seu velocímetro marca 220 ou 160 km/h, saber que sua segurança depende de sua pericia e de mais nada, e rodar, com chuva, com sol, de noite ou de dia, não se preocupar em ter na bagagem várias calças, vários tênis ou varias camisetas, mas sim saber que apenas duas ou três camisetas e uma calça te são suficiente. Uma botina ou um tênis velho são suficientes para, se molhar, secar novamente no próprio pé, não se preocupar se respingou óleo na calça ou na camisa, um velho capacete para dizer que esta dentro da legislação e pronto.
 
Isso é um custonzeiro que pode se orgulhar de dizer : meus estilo é custom.
Não é mais o que vemos nas estradas..O que mais vemos são amantes da "motocicleta estilo custom", mas que jamais serão custonzeiros. Basta olhar para se perceber isso.
Repito, "ser custom" não é ter uma moto estilo custom. Isso todos podem ter. Ser custonzeiro é uma maneira de encarar a vida, que vai desde o próprio lar, até as estradas.
No nosso clube, nos orgulhamos de nesses quase 38 anos de existência, nos mantermos fiéis ao mesmo estilo. Infelizmente muita coisa hoje não pode ser como já foi um dia, mas ainda assim, insistimos em nos mantermos custonzeiros, ou apenas, motoqueiros como fomos um dia.
 
Admiramos sim as mudanças, até achamos bonitos os diversos estilos de motos, que vão das speedys às big trails, mas, apenas admiramos. Cada um de nós do Black Horse, continua sendo o que sempre foi, custonzeiro. Não pela moto que tem, por ser uma custom, mas sim, pelo espirito que vive, pelo que carrega dentro de si e pelo que tira de si para colocar nas estradas...
 
 
Fonte: blackhoresbrasil.blogspot.com

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