quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

TEST DRIVE (SHADOW 750)


Viagem capital - Fomos até Brasília para testar a nova Honda Shadow 750

Rodamos quase 2.500 km, em uma viagem ida e volta entre São pAulo e Brasília, para testar na estrada a nova Honda Shadow 750

Após um longo tempo rodando paciente a 80 km/h pela larga Rodovia dos Bandeirantes, ainda no Estado de São Paulo, chegou a hora de abastecer e conferir o consumo. O frentista, ao ver a nova Honda Shadow 750 com tantos cromados, perguntou:

- Essa anda bem, hein?! Quanto custa?

- Quase R$ 30 mil.

- Sério? Pensei que fosse muito mais cara!

- Pois é...

- Vai pra onde?

- Brasília.

- Minha nossa, haja chão! Em quantos dias você chega lá?

- Hoje à tarde, por isso nem vou tomar café da manhã...

Guardei minhas coisas e voltei para a estrada ansioso por aumentar o ritmo de viagem, já não estava com paciência para rodar tão devagar. A essa altura havia amanhecido. Para o frentista, estava apenas começando minha longa viagem – ele mal sabia que duas horas de estrada já tinham ficado para trás.

A Shadow vinha se comportando bem. Aliás, antes mesmo de sair com a moto ela mostrou algumas praticidades. Para prender a bagagem, as alças traseiras (barras cromadas para fixação do pára-lama traseiro) facilitam o trabalho com pequenas cavidades perfeitas para travar os ganchos do elástico.

Também não foi preciso esperar o motor esquentar, bastou ligar e sair sem ter que lidar com falhas ou engasgos. Benefícios da injeção eletrônica. Com exceção do Rodoanel, a maior parte de nossas estradas não oferece iluminação. Por sorte o farol da Shadow apresenta uma luminosidade tão eficiente, com um facho de luz forte e espalhado, que parecia até contar com faróis auxiliares. Já o farol alto concentra e projeta o facho para frente, melhorando muito o alcance da luminosidade. Quase não fiz ultrapassagens neste começo de viagem, para não atrapalhar a medição de consumo em ritmo moderado, todavia, ainda assim senti falta do lampejador.

Minha única companhia, fora a moto, era o aparelho GPS que registrava a velocidade real, enquanto o painel da Shadow, sobre o tanque, indicava a velocidade sempre com margem de erro para mais, em torno dos 10%. Quando o GPS registrava 80 km/h o ponteiro do painel beirava os 90 km/h. Embora o painel proporcione uma boa leitura por causa do design simplista, obriga que os olhos sejam desviados para baixo. As informações são bem visualizadas durante a noite e a cor laranja lembra muito os painéis das americanas Harley-Davidson.

Divã

O Sol apareceu antes da primeira parada para abastecimento. Rodei entre 80 km/h e 90 km/h para conferir o consumo, que foi de 23,48 km/litro, e evitar o frio. Neste compasso tranqüilo parecia estar pilotando um divã e não uma moto. Os braços vão bem relaxados e as plataformas, um pouco altas, mas não muito avançadas, deixam as pernas numa posição bastante agradável.

Não era a primeira viagem de moto até Brasília. Lembro-me que na região de Catalão - já em Goiás - o asfalto era péssimo. Procurei ser mais rápido para compensar o atraso que teria se tudo estivesse igual naquele trecho. Rodando entre 120 km/h e 130 km/h o consumo caiu para 18,1 km/litro. O tanque, com capacidade para 14,4 litros, poderia ser um pouco maior, pois a autonomia nessa velocidade é de somente 260 km.

Além de reduzir bastante a autonomia, já que rodando entre 80 km/h e 90 km/h a autonomia passaria dos 330 km, a tocada acelerada elimina boa parte da sensação de conforto, por exigir um certo esforço ao enfrentar o vento. Um fato interessante éque mesmo não contando com pára-brisa o vento é ligeiramente deslocado para cima ao passar pelo farol, por isso não incomoda tanto.

Passando pelo Norte de Minas a estrada não tem uma curvinha sequer. Só se vê uma longa estrada a perder de vista, com o asfalto formando alguns espelhos devido o calor do ar. Dos dois lados a única paisagem é de plantações de cana. A essa altura, passados mais de 500 km, a atenção com a estrada me fazia esquecer uma certa indisposição causada pela posição de pilotagem. Com mais de cinco horas pilotando e poucas paradas, o peso do corpo concentrado na região do quadril, por culpa da altura das plataformas, já incomodava.

Enquanto a viagem era feita somente por bons caminhos as suspensões trabalhavam tão bem que a Shadow parecia flutuar na estrada. Entretanto, ao chegar nas emendas de viaduto ou depressões na estrada, um pequeno arremesso do banco era inevitável. A causa disso está nos 90 mm de curso da suspensão traseira, que limitam bastante o movimento da roda. Quando cheguei a Catalão, senti muita falta de uma trail. Os constantes buracos e remendos no asfalto nos obrigam a diminuir consideravelmente a velocidade. Até tentei permanecer na casa dos 90 km/h, mas foi impossível. Além de não conseguir parar no banco, rodar rápido em piso irregular torna a Shadow uma moto perigosa. Numa sucessão de buracos a roda chegava a "quicar" e a moto saia da direção, isso numa reta, imagine numa curva! Foi preciso cuidado nesse trecho.

Mais de 1.000 km de viagem num único dia exige disposição. Cheguei a Brasília no pôr-do-sol, estava exausto e tratei de descansar, pois teria que acordar cedo para o Passeio dos 80 anos da Polícia Rodoviária Federal.

Sem gasolina

Após os festejos do aniversário da Polícia Rodoviária Federal, preparei meu retorno. Embora a viagem fosse longa, tinha compromissos em São Paulo. Fui informado que poderia voltar passando por Belo Horizonte, mas não sabia a roubada que me aguardava. Além de aumentar a distância em quase 300 km, havia um grande trecho na BR-040, entre os quilômetros 360 e 470, onde a estrada péssima fazia carros e caminhões serpentearem de acostamento a acostamento para desviar das crateras. Este trecho me tomou um bocado de tempo, masserviu para testar a Shadow, que não se mostrou adequada na absorção de impactos e agilidade para desviar de obstáculos.


Ao chegar em Paracatu (MG) fui surpreendido por uma lombada na entrada da cidade. Precisei dos freios e eles responderam à altura, inclusive o traseiro é superdimensionado e consegue travar a roda com facilidade. Mesmo assim, já não era possível reduzir o suficiente e a conseqüência foi um pulo tão alto que parecia um RL. Por sorte, a moto e eu permanecemos inteiros para completar o teste.

Enquanto a viagem era feita somente por bons caminhos as suspensões trabalhavam tão bem que a Shadow parecia flutuar na estrada. Entretanto, ao chegar nas emendas de viaduto ou depressões na estrada, um pequeno arremesso do banco era inevitável. A causa disso está nos 90 mm de curso da suspensão traseira, que limitam bastante o movimento da roda. Quando cheguei a Catalão, senti muita falta de uma trail. Os constantes buracos e remendos no asfalto nos obrigam a diminuir consideravelmente a velocidade. Até tentei permanecer na casa dos 90 km/h, mas foi impossível. Além de não conseguir parar no banco, rodar rápido em piso irregular torna a Shadow uma moto perigosa. Numa sucessão de buracos a roda chegava a "quicar" e a moto saia da direção, isso numa reta, imagine numa curva! Foi preciso cuidado nesse trecho.

Mais de 1.000 km de viagem num único dia exige disposição. Cheguei a Brasília no pôr-do-sol, estava exausto e tratei de descansar, pois teria que acordar cedo para o Passeio dos 80 anos da Polícia Rodoviária Federal.





Fonte: http://www.duasrodasonline.com.br/teste/testeDetalhes.aspx?id=514


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