quarta-feira, 30 de maio de 2012

AGORA EU NÃO SOU MAIS PNA



Caros amigos, companheiros de jornada, amigos de moto clube, usuários de veículos de duas rodas, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da motocicleta, das viagens e dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida andando de motocicleta, salve.

Na vã tentativa de escrever sobre viajem de moto sem fazer um simples e até mesmo maçante relatório, começo esse explicando as iniciais acima. Após minha promoção no moto clube, de próspero a membro, um dos nossos amigos num tom de brincadeira disse: “agora você não é mais porra nenhuma do asfalto”, referindo-se ao fato de passarmos alguns momentos em transição, enquanto criávamos um novo moto clube começando do zero, e andávamos com o colete sem nenhum brasão.

Começando do zero apenas o nome e o estatuto, mas a nossa experiência não pode ser negada. Eu não a nego por que tenho orgulho dela. A nossa formação antiga, quase completa, foi o que deu origem ao Brokk MC. Mas não foi para falar do passado que eu resolvi escrever este.

O fato é que “eu descobri o andar em grupo”, e no nosso Clube quando descobrimos a possibilidade de fazer qualquer passeio legal, divulgamos na reunião das quintas, ligamos uns para os outros. Por que andar de moto em grupo é melhor, mais seguro, mais divertido. Por que é o mais certo a fazer. Por que, como diz a placa em talho doce no alto da parede direita de quem adentra a nossa sede “aqui somos todos loucos uns pelos outros”.

Mas isso não nos obriga a andar em grupo, andamos por que gostamos. Se for por obrigação logo fica chato, logo deixa de fazer bem a alma. Então em determinados momentos eu saio só, para fazer alguma coisa particular, para rever amigos que não são do moto clube ou mesmo do meio moto ciclístico, para ter com meus parentes postiços, aqueles amigos que quando você os conhece sente como se quase fosse seu sangue.

Mas, a vida é um eterno aprendizado. Certa vez saí para fazer uma viajem sem sequer saber direito aonde ia, apenas a quilometragem e a rodovia, com o nobre intuito de acompanhar um dos meus. Gosto de coisas atípicas, gosto do novo, de conhecer e gosto de aprender. Sempre. E gosto de ajudar as pessoas. Mas dessa vez não teve nada a ver com ajuda. Exceto se a ajuda tiver sido recíproca e eu nem ao menos tiver me dado conta.

O passado de alguém pode se comportar como uma incrível lembrança recorrente, da qual se pode ter orgulho, ou pode ser um fantasma que assombra o dia-a-dia. O problema não é o problema em si, mas a maneira como resolvemos encará-lo e resolvê-lo.

Não resolvo os meus problemas andando de motocicleta. Mas encontrei no moto clubismo um jeito novo de ver a mesma vida, um novo ritmo. Por isso me ofereci para acompanhar um amigo em crise, alguém que precisava, dentre outras coisas, ter a certeza de não estar só. E eu estava convencido de que podia fazê-lo sentir-se melhor. É o meu amigo, e “aos amigos, tudo, aos inimigos (...) a lei”. Ah se a lei fosse LEI no Brasil...

Às vezes o universo parece conspirar para que tudo se conserte e se encaixe. Eram tantos defeitos apresentados pela minha negra metálica, mas eles não foram suficientes para me deixar em casa. Só quem participa de algum moto clube pode entender como viajar de moto pode conferir o tempo necessário a organização dos pensamentos. Eu também precisava viajar.

Não é o fato de simplesmente andar de moto que faz bem. É o fazer o que gosta, e nesse ínterim dar tempo ao cérebro para organizar os pensamentos. Alguns gostam de pescar.


Para minha tristeza, a nuvem negra que rondava a alma inquieta de meu parceiro de viajem também encharcava a minha alma. E só o tempo poderia transformar o momento. Era inevitável que se resolvesse. Mas a demora nos angustiava.

Toda essa problemática foi resolvia oito meses depois. Foi o tempo necessário a sua maturação. E devemos olhar cada momento como sendo único e as vezes mágico: “Quanto mais próximo o homem estiver de um desejo, mais o deseja; e se não consegue realizá-lo, maior dor sente” já dizia Nicolau Maquiavel. O desejo, a coragem e a curiosidade transformaram o mundo no que vemos hoje.

Só precisamos esperar. E dar a mão um ao outro. E doar o ombro, os ouvidos, o tempo. Não deixar-se sucumbir a tristeza da falta do brasão. E saber que a tristeza é uma característica comum ao ser humano, que raciocina, racionaliza e relativiza. E que mesmo estando só, não se sente sozinho, mas pode estar num mar de gente e completamente abandonado. Também saber que uma conversa e/ou uma cerveja pode mudar a cor do mundo. E que nas palavras dos poetas reside toda a sabedoria, quando sem explicar afirmam que “no fim tudo dá certo e se ainda não deu certo é porque não chegou ao fim”.


Joel Gomes – acadêmico das ciências sociais, motociclista, colaborador e membro do Brokk MC, contando histórias sobre a vida para o blog Sem Fronteiras.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

RESPEITE SEU MOTO CLUBE



Você não é obrigado a participar de nenhum Motoclube. Entretanto, se você um dia pensou em se associar a algum; procurou se aproximar dos seus integrantes, conhecer suas histórias, filosofias, suas formas de integração e, depois de muito refletir, optou por escolher aquele que melhor se encaixou nos seus ideais, depois você manifestou seu interesse, procurou o Motoclube, se filiou e foi aceito por todos, parabéns! Você ganhou uma nova família!

Dizem que não é o Motoclube que tem que correr atrás de associados, senão vira “grupinho de amigos”. Por isso, Motoclube é mais do que isso! É realmente uma segunda família; uma coisa para se levar a sério para se ter amigos que estejam sempre com você, não importa em que lugar da estrada você esteja.

Toda sociedade precisa de regras para se manter organizada. Assim, disciplina e respeito são coisas essenciais em nossas vidas. Diariamente cumprimos regras: no trânsito, no trabalho, em casa... Querendo ou não, somos obrigados a cumprir algumas regras que nos garantam um mínimo de convivência social. Saiba que, até pra ser Budista, as pessoas precisam aceitar e seguir regras.

O bom de um Motoclube é se sentir valorizado, integrado, respeitado e eternizado com a irmandade e seus amigos que são vistos e considerados como seus irmãos! É sentir orgulho, amor ao ideal, prazer ao vestir sua camisa e seu colete. Dizem que “sozinho você chega lá, mas, com um Motoclube você vai mais longe”.

Portanto, faça sua parte: RESPEITE SEU MOTO CLUBE!


Texto adaptado do Motrópolis Moto Clube de Goiânia/GO

sexta-feira, 25 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

RESPEITADOS E ADMIRADOS



Por que tantos acidentes com destruição, feridos e mortes nas ruas e rodovias?
Qual a razão para tanto desrespeito ao próximo, muitas das vezes por nada? E a educação?

Coisa que outrora era uma constante, mas que hoje em dia a maioria das pessoas nem sabem o que isso representa ou se um dia realmente existiu! Com se explica a obrigação de ter de freqüentar Auto e/ou Moto escolas para que seja possível obter a CNH e o trânsito estar tão confuso e violento? O que realmente vem contribuindo para essas situações tão desagradáveis e prejudiciais?

E a violência inconcebível, que acontece atualmente com brigas e até assassinatos no trânsito? O que, afinal de contas veio contribuir para tudo isso? Esse meu questionamento acima decorre da transformação que paulatinamente vem ocorrendo no comportamento das pessoas, das famílias, das cidades, do Brasil, e até do mundo no passar dos anos. Serão as drogas, responsáveis por isso?

Será a impunidade e a corrupção, que estão blindando as pessoas para com as outras, afastando-as de um relacionamento direto ao invés de uni-las, agregá-las?

Terão as mídias participação nisto, favoravelmente ou não? E a internet, com os seus relacionamentos sociais através da virtualidade?

Terá esse contexto social forte participação? Porque, pelo que sei, seus próprios usuários criticam, e deles até uma piada conheço que a seguir apresento: “No enterro de um parente que adotava esse tipo de relacionamento virtual, era aguardada a presença de centenas de pessoas no velório, dado o enorme relacionamento que havia entre o falecido e a rede social com a qual compartilhava. Mas para surpresa de todos, compareceram ao velório somente alguns poucos parentes. Da tal rede social, ninguém apareceu....” Isso mostra ser pura ilusão esse tipo de relacionamento, por haver falta do necessário calor humano e do importante contato físico. Falta o “olho no olho”. Razão dessa ilusão virtual não unir, pelo contrário, vai desagregando a tudo e a todos, paulatina e inexoravelmente.

Somos muito amigos... mas não lhe conheço!!! Pode até acontecer de duas pessoas brigarem na rua por desavença no trânsito, sem saberem que virtualmente são tão amigas através do relacionamento social pela Internet. Estou com a razão?

Vejam que muitas guerras ocorreram, animosidades sempre existiram como nos conta a história mundial, entretanto são elas sazonais porque acontecem e dali um tempo acabam. Mas o caminho da violência que a humanidade está seguindo é por demais perigoso por sua continuidade e constante crescimento. E nesse contexto não enfoco unicamente pessoas, estendo-me também ao meio-ambiente, inclusive à natureza como um todo, que há muito vem sendo severamente agredida pelo homem. E como para toda ação existe a devida reação, os terremotos, deslizamentos, severas enchentes e arrasadores furacões que não víamos no Brasil, agora eles aqui estão para que os vejamos e sintamos suas nefastas consequências.

Então lembro: A pequena falta de educação ou o leve gesto de desrespeito para com alguém ou qualquer outra coisa, comparo-os com a chuva: Fina e pouca inicialmente, ninguém quase a considera. Mas com a constância e progressiva quantidade, acaba alcançando a força de um dilúvio devastador. Fortes exemplos físicos para o exemplo acima posso mostrar, lembrando o que vem acontecendo no Brasil e no mundo através de enchentes, deslizamentos e soterramentos. Coisa que raramente aqui acontecia. E o Tsunami... o que me dizem? Será isso um aviso para o que definitivamente virá, caso o desrespeito à natureza continue?

Se é, que nos cuidemos porque essas forças quando enfurecidas são incontroláveis. Então, respeitar-nos mutuamente e principalmente à natureza é o que devemos fazer. E urgentemente, enquanto é tempo!!! Enfim, por derradeiro informo: Os antigos motociclistas eram felizes porque se respeitavam e amavam a natureza... e vice-versa!


Texto: Motociclistas Invencíveis
Autor: João Cruz

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PARA VOCÊS!



Gostaria de poder dizer para todos o quanto dói uma despedida de um amigo, mas não há palavra que possa exemplificar este sentimento, principalmente quando um amigo, motociclista vem a falecer. Aos amigos mais Jovens, aos mais afoitos e de minha geração, digo que devemos desacelerar, nós não temos o direito de causar tamanha dor em nossos familiares, amigos, e pessoas que gostam de nós. É triste ver mães, irmãos, filhos e amigos em um funeral, pessoas que gostamos sensibilizadas pela dor da separação trágica de uma morte por acidente de motocicleta.

Motocicleta, é uma forma de independência, liberdade e prazer, mas que deve ser conduzida de forma correta, e segura, Nossas ações e reações em cima de uma motocicleta deve ser além de nossas próprias satisfações e sentimentos egoístas do prazer de acelerar. Os mais experientes são sim responsáveis em demonstrar estas preocupações para os menos experientes, devemos cobrar deles que não causem o risco de que possamos nos sentir impotentes por tamanha dor, a dor de perder um amigo.

Aos motoclubes e seus presidentes que devem focar em seus membros e incentivar a segurança, a correta condução, devem cobrar deles que sejam responsáveis pelas suas ações, pois não devemos correr o risco da dor da morte de um integrante, perder a alegria do convívio de um amigo. Além de triste, é decepcionante, e então senhores presidentes, sejam responsáveis e assumam sua liderança, não se omita nestes momentos, seja um LIDER.

Aos pequenos grupos de amigos motociclistas, procurem sempre perceber em seus grupos os mais afoitos, e orientem todos a não fazer da sua motocicleta, um instrumento que possa gerar estas dores, a dor de um acidente ou morte. Ao Azes da velocidade, desacelere, as estradas e ruas não foram feitas para isso, e quando for provocado em correr, mesmo em um simples bate-volta, não aceite as provocações dos ditos "espertos", mesmo sendo chamado de velho, ou babaca, Bração, etc. " É melhor ser um velho e babaca bração vivo, que um esperto morto".

Se você, motociclista, pensa que por ter uma moto ultrapotente pode acelerar sem responsabilidade, está errado, seus familiares e amigos não merecem este sentimento egoísta e idiota, vá para um autódromo e lá prove que é capaz, não seja um covarde neste momento, mostre a você mesmo que pode ir para o autódromo comprovar que é um expert.

Aos organizadores de eventos motociclísticos, passeios e encontros, sejam disseminadores da condução segura de motocicletas, levante esta bandeira, saia de trás do pensamento do "lucro" e "dividendos" e abra espaço para que seus "clientes" aprendam a conduzir suas motocicletas de forma segura, "Mantenha seu cliente VIVO" Sejam responsáveis pela sua segurança e a segurança de seus amigos, eles valem a pena.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

A TENTATIVA DE FUGIR DOS CLICHÊS E DAS EMOÇÕES TARDIAS

Caros amigos, companheiros de jornada, amigos irmãos de motociclismo e moto clube, usuários de veículos de duas rodas, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da motocicleta, das viagens e dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida andando de motocicleta, salve.

A maioria das vezes em que escrevo é por solicitação de alguém. A minha experiência em textos para internet não me transforma automaticamente em um expert, mas denuncia que posso escrever sobre as coisas ao meu redor com uma moderada facilidade. Mas dessa vez queria fugir dos clichês comuns da escrita.


Depois de uma grande espera, muitos contratempos, conseguimos finalmente completar a nossa família sem perder nenhum irmão. O ultimo artífice de nossa tertúlia aguardou pacientemente a sua promoção, e quando esse momento chegou, me foi solicitado um discurso. E como não sou um gênio da oratória, preferi escrever. A noite era de festa, estava muito ansioso que essa última promoção acontecesse, na verdade eu precisava que isso acontecesse.

Era importante também que, mesmo estando escritas as minhas palavras fossem suaves, carinhosas e não passasse uma emoção que verdadeiramente não sentisse, ou seja, não soasse um discurso magoado. As magoas passaram e olhar o passado só me deixa orgulhoso, então, eu transcrevo abaixo o que pronunciei:

Boa noite a todos,
Somos animais políticos, e como tais, nos reconhecemos uns nos outros. E eu só me reconheci motociclista no momento em que conheci e passei a fazer parte desse seleto grupo. Porém, a razão pela qual eu fui escolhido para falar hoje vai além e passa pela nossa afirmação enquanto grupo, pela nossa resistência diante das dificuldades, pelas nossas decisões baseadas no amor e no perdão e deságua no crescimento pessoal proporcionado a quem faz parte dessa família. Acredito que quando o universo se desorganiza, posto que está em movimento constante, o Criador acerta o compasso, fazendo com que as pessoas que pratiquem boas ações deem certo. Hoje, o pensamento e as ações positivas de alguns de nós contribuíram para que o nosso equilíbrio se mantivesse, unindo todos os que lutaram e lutam para o nosso grupo existir. E eu tenho orgulho de estar aqui também.

Obrigado.


O que eu precisava falar sobre a promoção do meu amigo estava nas entrelinhas, e só os antigos que viveram o momento entenderam o que eu quis dizer. A mim só restou uma sensação de alívio, uma paz que estava dentro de um livro que acabou de ser aberto.



Texto: Joel Gomes – acadêmico das ciências sociais, motociclista, colaborador e membro do Brokk MC, para o blog Sem Fronteiras.